25 DE FEVEREIRO DE 2022
OPINIÃO CONTI: Crise Ucrânia-Rússia e o impacto no mercado imobiliário comercial dos EUA (CRE)
A invasão na Ucrânia pela Federação Russa, com início nas primeiras horas de 24 de fevereiro, está se desenrolando rapidamente desde então. Abaixo está uma breve análise da CONTI sobre os eventos ocorridos na Ucrânia e seu provável impacto econômico. Embora inicialmente tenhamos assumido que seria apenas uma incursão relativamente pequena em território ucraniano, estamos ajustando nossa avaliação das consequências econômicas de acordo com as mudanças no cenário geopolítico.
Embora os países europeus tenham o maior peso das consequências econômicas como resultado da invasão, prevemos repercussões econômicas no restante da economia global, particularmente como resultado de sanções mais duras vindas dos EUA e da União Europeia. Analisando o momento atual, acreditamos que o crescimento econômico global será 20 pontos-base menor em 2022 em relação às nossas previsões pré-invasão.
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O impacto mais significativo a curto prazo na economia global é o efeito da invasão sobre os preços das commodities e os preço do petróleo, em particular. A Rússia é o maior exportador de gás natural e o segundo maior exportador de petróleo do mundo.
Em 24 de fevereiro, os preços do petróleo bruto Brent chegaram a US$ 100 por barril pela primeira vez desde meados de 2014. No último mês, os preços do petróleo bruto Brent já tinham subido 11,1%, refletindo a dinâmica geopolítica em evolução na Europa Oriental.

Enquanto as tensões na região persistirem, prevemos que os preços do petróleo permanecerão acima de US$ 100 o barril. Para os EUA, isso provavelmente se traduzirá em uma inflação mais alta no curto prazo. Embora os gastos no varejo dos EUA foram surpreendentemente robustos em janeiro, os preços mais altos do petróleo devem atingir o bolso dos consumidores.
Embora não estejamos prevendo atualmente que o Federal Reserve desista de uma elevação na taxa de juros em março, o ambiente geopolítico e seu impacto no crescimento econômico global certamente irá pesar sobre o Fed à medida que vemos uma política monetária mais apertada avançar. O impulso original para o aumento das taxas foi o rápido aumento dos preços contra um ambiente macroeconômico forte. Com o risco de um crescimento econômico mais lento nos próximos anos, como resultado da crise Rússia-Ucrânia, o Fed fará questão de encontrar o equilíbrio certo entre a retomada dos preços e o prolongamento da atual expansão econômica. As chances de um aumento da taxa de 25 bps em março — em oposição a 50 bps — aumentaram como resultado.
Do ponto de vista do setor imobiliário comercial (CRE), a crise na Ucrânia impactará as perspectivas macroeconômicas e as perspectivas de inflação em particular.
Geralmente o mercado imobiliário comercial (CRE) é tido como um hedge inflacionário eficaz. Como resultado do aumento da inflação, podemos esperar ver mais capital migrando de ações voláteis para o CRE dos EUA. A CONTI acredita que o setor multifamily será beneficiado principalmente por ter períodos de locação mais curtos se comparado a escritórios, imóveis industriais e de varejo.
Olhando por uma perspectiva mais ampla, a classe de ativos comerciais (CRE) poderia ser impactada negativamente por uma perspectiva de crescimento econômico mais lenta. Contudo, não prevemos um impacto no crescimento econômico ou nos empregos a curto prazo. O setor imobiliário é tido como um sólido hedge contra a inflação e as incertezas do mercado. Além disso, os Estados Unidos têm um sistema de estado de direito muito estabelecido o que certamente é muito atraente para os investidores que estão em busca de mais segurança.